10.11.12

Mimos do Poial - o poblano negro




































Já no fim de um longo encontro repleto de novidades - novas pessoas, novos caminhos, novos sabores e imensas descobertas, de mimos na mão e prestes a ir embora, infiltro-me na conversa entre alguém falar com Lorena, mexicana de yema - e com uma outra pequena a germinar na barriga - sobre o que fazer com todos aqueles poblanos, jalapeños, malaguetas, e et caeteras de pimentos oferecidos, nomeadamente aquele negro, de formato semelhante ao pimento doce italiano mas mais pequeno e de ar um tanto intimidante.

Ao contrário de alguns improvisos em que não me consigo libertar das combinações de sabores estandardizadas pelas culturas gastronómicas e pela sabedoria popular, as palavras poblano e pêssego suscitaram em mim meia-dúzia de sabores que eu soube que iriam funcionar.

Informação retida e processada a invulgar inspiração, da sugestão inicial muito pouco ficou. Os pêssegos transformaram-se em alperces secos, a carne substituí somente por couscous e pinhões tostados e todas as especiarias, ervas e pequenos acrescentos surgiram da intuição. A confecção foi ao sabor do vento e, ainda que um pouco atabalhoada, acabou por correr tudo muito bem.



No final, faltou eventualmente uma simples salada fresca a acompanhar para amenizar a quantidade insensata de malagueta que utilizei. A minha falta de tacto e experiência em certas circunstância levam-me a cometer alguns erros como o mencionado anterior e a ligeira secura que ficou à superfície do couscous. Apesar disso, a textura ligeiramente crocante do couscous não é de menosprezar, porque acaba por contrastar com o interior mais húmido do pimento. Fica um pouco à semelhança do gratinado do arroz de pato. De resto, modéstia à parte, posso dizer seguramente que foi das melhores coisas que já comi.




































Pimento recheado com couscous, alperces secos e pinhões
Se não estiverem numa de usar o forno cortem o pimento às tiras e coloquem na frigideira a saltear ao mesmo tempo da chalota e dos alperces. Se estiverem numa de juntar carne, by all means. Se forem quiserem juntem queijo. The sky (ou o que tiverem na despensa) is the limit!

1 pimento jalapeño (um pimento doce regular serve perfeitamente, embora não seja picante), dividido em dois longitudinalmente, sem sementes
2 c.chá de azeite
cerca de 1/2 c.café de canela
1 c.café de cominhos
1 c.café de pimenta da jamaica
1/4 malagueta, finamente picada e sem sementes
20g de alperces secos, picados grosseiramente
3g de pinhões, ou mais ao vosso gosto
1 chalota, às rodelas finas
45g de couscous + a mesma quantidade em volume de água, ou a mesma quantidade de arroz + o dobro do volume em água
1 c.chá cheia de hortelã picada
2 c.chá de alecrim, picado
sal q.b
1/8 de limão em conserva, fatiado finamente
1/2 queijo fresco ou parmesão fresco ralado a gosto, opcional

Pré-aquecer o forno a 200ºC. Colocar as metades do pimento numa travessa de forno e reservar.
Aquecer o azeite na frigideira com as especiarias e a malagueta até começarem a libertar aroma, cerca de dois minutos a lume baixo.
Aumentar ligeiramente o lume e juntar os alperces, os pinhões e a chalota e saltear até os pinhões ganharem um tom dourado, cerca de 5 minutos.
Adicionar o couscous, as ervas e o limão em conserva, mexendo constantemente até o couscous começar a ganhar cor e o limão a caramelizar ligeiramente.
Adicionar a água, tapar e deixar o coscous cozer completamente a lume baixo, adicionando mais água se começar a secar muito cedo. Provar e rectificar com sal se for necessário.
Retirar a mistura do lume e rechear os pimentos completamente, apertando bem para que caiba tudo lá dentro - não há problema se transbordar um pouco. Nesta altura se quiserem coloquem meio queijo fresco fatiado por cima do couscous para que derreta no forno ou polvilhem com parmesão ralado.
Levar ao forno durante 30 minutos ou até o pimento estar bem tenro e começar a chamuscar e o couscous ganhar um tom dourado e tostado.
Servir quente, acompanhado com uma salada fresca simples com um vinagrete de limão e mostarda.


serve 1





















a ouvir: Number 1 - Goldfrapp


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